Depois
da viagem,
foi
necessário reescrever todos os caminhos.
Não
havia mais volta. Eu estava perdida.
Já
em Buenos Aires, uma ou outra chuva
tratava
de desmanchar meus mapas,
(que
eram, de todas as maneiras, nuvens):
era
dobrar a esquina, Peru. Na outra, Paris.
Em
Córdoba, o sol prestava esclarecimentos
sobre
a nítida hora da sesta
aos
que se perguntavam por que cartas
seladas
só a partir das seis,
por
que farmácias fechadas -
enquanto
farmacêuticos e carteiros
pacientemente
digeriam empanadas.
Uma
lua minguante e um lucero.
A
tarde tinha um fim turquesa
que assentava em
Mendoza.
Vestido
sem estampa,
anel
de solitária pedra.
“Acá
fui feliz”, escrevia nas janelas, no chão, nas paredes,
transtornada
pela felicidade e pelo doce de leite.
Tinha
números, é verdade.
Entrava
numa cabine, discava, era certo:
vozes
falavam do regresso.
Tinha
fé no abraço.
Segui.
Nada
permaneceu, nem permaneci.
Descobri
a rua de meu nascimento,
inventei
memórias,
que
cada lembrança multiplicava.
A
vida remota que aqui tive,
sem
que minha pátria suspeitasse.
Não
havia como não voltar.
Por
isso parti.
Hice un largo viaje por Sudamérica. Salí de
Salvador-Bahia-Brasil y empecé por la frontera con Argentina. Subí los Andes
pasando por diferentes países, y después de ocho meses y medio, he vuelto a
pisar Brasil y a escuchar el portugués en las calles. En la frontera de
Brasil-Peru-Colombia, en la ciudad brasileña de Tabatinga, me pasa algo muy
raro. Para mi surprisa, algunas personas creen que soy argentina y me preguntan
cómo he aprendido el português.
Marília Palmeira
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